Entrevista com a banda Escarnium, de Death Metal






Ao olhar essa entrevista não pude deixar de comentar, porque afinal a entrevista está em um nível fantástico e abre muito espaço para diálogo. O Gabriel na questão sobre "propósito artístico" da banda fez exatamente o que espero a algum tempo de blog: ver o metal como uma cultura extrema! Fenomenal! Afinal qual de nós nunca ouviu aquele argumento de que o metal é arte porque tem "músicas trabalhadas" e um punhado de bobeiras do tipo para tentar "colocar" essa música no patamar de "arte".Mas dentro da sociedade tecnocrata, arte(como tudo em geral) deve gerar "retorno" = lucro, caso o contrário perde o valor, e essa linha de pensamento permeou tanto a arte que hoje ao olharmos o que acontece com ela vemos um plasticismo tão grande que arte hoje em dia é um cara que faz um cranio humano com metais preciosos... Nada que milhares de tribos, artesãos e afins nunca tenham feito... E acima de tudo algo com um propósito voltado ao NADA. A dita "música clássica"(termo extremamente elitizado e equivocado) se perdeu no seu academicismo e virou algo ortodoxo, feito para elites acadêmicas... E as culturas extremas são oposição a isso, e por isso são underground, porque na sua música, no seu visual, na sua atitude, na capa do seu cd ou em sua letra...Ela rompe e se confronta com o conformismo e apatia burguesa. Muito legal o que o Gabriel observou, porque isso é um tapa na cara daqueles que limitam a arte do metal a "riffs" e sons trabalhados(nada contra esse tipo de som que eu até curto, mas não dá pra solidificar em base disso uma cultura como a bifurcação underground do metal). E sobre a questão de homofobia, ser sincero é acima de tudo ter atitude. E mais franco do que ele foi, com ARGUMENTOS sobre sua opinião eu acho difícil... mesmo que EU, pessoalmente, defenda algo um pouco diferente(a ponto de ir na parada gay).
Mas é isso! Para mim, sem dúvida, uma das entrevistas mais FODAS! Desse blog! E é por essas e outras que sou fã do Escarnium!



Fábio – Saudações pessoal do Escarnium! Primeiramente conte-nos como estão as atuais atividades da banda!

Escarnium (Gabriel) - Salve Grande Fábio e pessoal seguidor desse blog fudido!!!
Bem, primeiramente eu gostaria de agradecer a você pela oportunidade de estar respondendo a essa entrevista e divulgando o Escarnium e nossas idéias. Valeu mesmo por esse apoio!!!
A banda está a todo vapor compondo para nosso debut full lenght (com lançamento previsto para o final desse ano/início do ano que vem) e tocando pelo interior da Bahia e em outros estados também. Atualmente estamos com um show agendado em Aracajú (dia 16/07/11) e a confirmar datas em Ipiaú (BA), Vitória da Conquista (BA), aqui em Salvador (BA) e também em Teresina (PI), além de estarmos nos organizando para uma turnê na Europa ano que vem. Em relação a lançamentos, recentemente foi finalizado o EP Rex Verminorum que já tem uma prensagem na versão “promo” (que já está quase esgotada) e estamos no aguardo da versão pró, que será lançado pelo selo polonês Hellthrashers nas versões CD digipack e CD convencional. Nas duas versões a nossa demo está incluída (na íntegra) como bonus track. Este mesmo EP será lançado também em Tape numa tiragem limitada de 100 cópias, que será lançado pelo selo, também polonês, Till You Fukkin Bleed.








Fábio – Qual seria o conceito do trabalho de Rex Verminorum?



Gabriel – O conceito desse nosso novo trabalho não difere em nada do que já foi abordado em nossa demo. Em nossas músicas tratamos sempre de temas anti-religiosos e niilistas.

Fábio – Em relação a propósitos artísticos, qual seria o da bandaEscarnium?



Gabriel - Cara... Como o termo “propósitos artísticos” não ficou muito claro pra mim eu vou te dar duas respostas.
Primeira resposta:
Não temos propósitos artísticos NENHUM dentro do Escarnium levando em consideração que o Metal não deve ser considerado pura e simplesmente como uma arte. Eu vou te explicar o por quê: Um grande amigo da banda (Robson – Desgraça Zine) disse que “Quando se fala em Metal não está se falando simplesmente de uma arte, mas sim de uma cultura que é tão complexa como qualquer outra”; eu concordo plenamente com ele.
Pare e observe que a arte muda de tempos em tempos. Pessoas inovam, inventam, revolucionam e os artistas lidam muito bem com tudo isso além de apoiar tais mudanças. Agora me responda... será que os (reais) Metalheads lidam bem com mudanças “inovadoras”? Vamos ver... Como você se sente quando ouve outros tipos de música sendo incorporados ao metal ou o metal sendo incorporado a outros tipos de música? Como você se sente quando avista um “qualquer”, que nunca sequer ouviu falar em Black Sabbath, usando a peita de sua banda favorita? Como você se sente ao saber que cristãos estão usando a sua música e o seu visual para ganhar mais fiéis para o deus deles e ainda abrem a boca para dizer que são “headbangers de cristo”? Como você se sente quando ouve alguém falar que o metal não passa de um estilo musical? Se você fica puto, você é um Metalhead tradicionalista que não aceita a presença de “intrusos” em seu meio nem mudanças ou incorporações na sua música, no seu visual, na sua maneira de agir, de pensar, enfim... não aceita mudanças em sua cultura e não a deixa morrer, pois uma cultura só sobrevive através do tradicionalismo de quem está nela inserida.
Nós, do Escarnium, antes de instrumentistas, músicos, artistas ou seja lá do que você queira nos chamar, somos Headbangers;
Segunda e ultima resposta:
Bom, mas se o termo “propósito artístico” quer dizer “aonde vocês pretendem chegar?” a resposta seria a seguinte: no início era só diversão, mas as coisas começaram a acontecer e isso exigiu que a gente passasse a lidar com a banda de forma diferente, de forma mais profissional, o que não nos tornou em nenhum grupo de “Rock Stars”, muito pelo contrário. O que a gente quer é fazer a coisa acontecer, tocando Death Metal de Metalhead pra Metalhead sem se importar com modismos, tendências ou até mesmo em ficar ricos tocando Metal. (risos)





(foto no SMU I - Show em Sorocaba)







Fábio – Vocês recentemente tocaram conosco no Sorocaba Metal Union I, ao ler uma entrevista de vocês no Bloghttp://perversefirezine.blogspot.com vi que a banda até então não tinha tocado fora da região nordeste. Gostaria de saber justamente se hoje tocar longe de seu Estado (Bahia) tem sido constante e se são shows, em geral, satisfatórios?



Gabriel - Pô, bicho... essa entrevista tem é tempo, hein? Véia pra caralho!!! (risos)
Tocar em outros estados ainda não é uma constante pra o Escarnium, mas, certamente, gostaríamos que passasse a acontecer com mais frequência. Ano passado (2010) tocamos em Aracajú (SE) e fizemos duas datas aí no estado de São Paulo: uma em Sorocaba e outra em Campinas. Voltamos esse ano pra fazer novamente uma data em Sorocaba (no SMU I) e em uma em Paulínia no evento organizado pelo Reginaldo. Como eu citei no início da entrevista, esse ano já estamos com uma data fechada em Aracajú e uma a fechar em Teresina.
Eu acredito que todo e qualquer show é satisfatório. Pra começar, não tem nada melhor do quê a troca de energia com o público Metalhead que ta assistindo a gente e faz questão de ir lá depois da apresentação pra te cumprimentar, tomar uma cerveja e trocar uma idéia. Isso aí rola independente da estrutura do evento ou da aparelhagem de som, que na maioria das vezes é de qualidade um tanto quanto “inferior” (mas é isso mesmo... ta no rock é pra se fuder!!! Hehehehehe) . E tem também aquela onda... quanto em mais lugares você toca mais você ganha e troca experiência e tem também a oportunidade de divulgar seu trabalho e, além do mais, dá pra vender uma quantidade boa de materiais e isso dá uma ajuda ultra brutal pra a gente, uma vez que nós não cobramos cachê pra tocar. E é assim que o underground se movimenta.

Fábio – Fugindo das questões da banda e indo para visões sociais de vocês. O Brasil tem vivido uma polemica em torno da bancada política evangélica e homofobia. Gostaria de saber qual seria a posição da banda a respeito?
Gabriel – Bom... acredito que essa polêmica começou quando o Deputado Jair Bolsonaro se mostrou totalmente contra a implantação do chamado “kit gay” nas escolas de ensino fundamental e a mídia caiu matando, na maioria das vezes de forma extremamente tendenciosa.
Esse é um assunto complicado a se tratar pelo fato de que qualquer interpretação errada feita pelo leitor pode me transformar em um “monstro homofóbico”. Antes de expor as minhas opiniões (e não as da banda) sobre o assunto, eu gostaria de falar que eu não tenho nada contra quem é homossexual (pois o ser humano nasceu livre pra ser o que quiser e agir como quiser), mas sou contra a implantação do “kit gay” nas escolas de ensino fundamental e sou contra o “plano nacional da cidadania e direitos humanos para lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais” porque estas ferramentas ao invés de combater a homofobia (como deveria ser), a meu ver, estimulam e incentivam o homossexualismo, além de impor a aceitação de práticas homo afetivas praticamente na “amarra”. Pesquisem sobre este plano e sobre o “kit gay” e, provavelmente, irão me dar razão.
Do mesmo jeito que eu não gostaria que meu filho (ou filha) participasse de aulas de educação religiosa na escola (que deveria se chamar “imposição do lixo cristão”) eu também não gostaria que ele aprendesse lá, através do “kit gay”, que “dar a bunda” ou “colar velcro” é motivo de orgulho para a família dele. Acredito que esse “plano nacional da cidadania e direitos humanos para LGBT” seja um plano extremamente antidemocrático, pois em uma democracia de verdade não deve haver privilégios apenas para um determinado grupo de pessoas, pois todos devem ser iguais perante a lei. Ao aceitar que este plano seja posto em prática estaremos sujeitos à imposição de um novo tipo de censura (por exemplo, no item 1.2.4 do plano diz que deve haver um “controle social junto às redes de TV, com proibição de piadas LGBT”) e a isonomia passaria a ser coisa do passado.
Vale lembrar que “homofobia” significa ódio, aversão ou discriminação à pessoa homossexual e este, definitivamente, não é o meu caso. O fato de eu não ser a favor do homossexualismo não faz de mim uma pessoa homofóbica e muito menos um puritano de merda.
















Fábio – Gostaria de agradecer em nome de toda a equipe do Resíduos Tóxicos, foi uma honra muito grande trabalhar com vocês no SMU I e realizar esta entrevista! Por favor deixem um recado a nossos seguidores!



Gabriel - Velhão... a gente que agradece a oportunidade, tanto da entrevista quanto de ter tocado no seu evento em conjunto com o Juliano. Com certeza foi muito gratificante pra nós ter participado do SMU I e espero que possamos repetir a dose na segunda edição do evento também.
Gostaria também de mandar um abraço aí pra o pessoal que esteve presente nessa nossa ida ao estado de SP... galera do Madness (devemos MUITO a vocês), povo de Piracicaba que colou com a gente na Van (Tiago.... “vá sê fodeR, mêo!!!”), Edilson Kreator, Reginaldo e a Iva, pessoal das bandas que dividiu palco conosco em Sorocaba e em Paulínia (rapaziada do Septic Schizo, Blasfemador, Hippie Hunter, Mortage, Remords Posthume e todas as outras), ao Billy do Exhortation, pessoal do Funeratus, Tiago Furlan, Cristiano do Vomepotro, Legião MC e todos que compareceram e apoiaram os eventos em que nos fizemos presentes. A todos vocês, valeu o apoio!!!
Quem quiser entrar em contato conosco pra trocar uma idéia, adquirir material, propor trocas (que são bem vindas), chamar a gente pra tocar ou até mesmo fazer alguma ameaça pode acessar o nosso myspace (www.myspace.com/escarniumdm) ou “e-mail us” (escarniumdm@gmail.com). Adiciona nosso perfil lá no Orkut (http://www.orkut.com.br/Main#Profile?uid=6083130439635379904) e também nossa comunidade (http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=70424481).
É isso aí... força e honra ao underground SEMPRE!!!

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